Entretanto | por Juliana Teixeira

Um blog à moda antiga

O que mudou em 10 anos?


Eu tinha 13 anos quando criei meu primeiro blog, e 15 quando criei este aqui que você está acessando. O ano era 2013. Quando olho para trás, é difícil dizer se esses dez anos passaram rápido ou com um leve arrastar. O que eu sei é que, olhando tudo que eu escrevia aqui naquela época, ainda vejo muito da Juliana adolescente, ao mesmo tempo em que perdi coisas que ela tinha e que sei que nunca mais vou recuperar.

Afinal, o que mudou em 10 anos?

Dez anos atrás, eu não conhecia o luto. O mais perto que eu tinha chegado de perder alguém importante pra mim tinha sido aos 8 anos, mas foi aos 25 que eu senti de verdade como é ter a morte atravessando o meu peito e me arrancando um ente querido. Perdi meu pai e o luto me fez questionar tudo - deus? destino? tempo? -, e me fez aprender na marra que viver é urgente, ao mesmo tempo que deve ser leve. E o luto está sempre aqui, presente, mesmo nos momentos felizes, e acho que sempre estará.

Dez ano atrás, eu achava que conhecia o amor, mas o mais perto que tinha chegado de amar alguém era por meio dos livros, conhecendo príncipes encantados que eu rezava para que se tornassem reais. Hoje, eu não só conheço o amor, mas também o entendo. Aprendi a acolher e ser acolhida, a ouvir e ser ouvida, a cuidar e ser cuidada. A Juliana de hoje, aos 25, não seria a mesma sem isso.

Dez anos atrás, parecia errado sair de lugares e situações pelo simples fato de não me sentir bem. "As pessoas são assim mesmo", eu pensava, e nisso eu ia me deixando ficar, mesmo no desconforto. Agora, já vivendo os vinte e tantos, sei bem como partir e deixar partir. E não há nada mais saboroso do que sentir esse gosto de liberdade.

Dez anos atrás, eu não sabia muito bem o que queria "fazer da vida", mas sabia que amava escrever. Então o Jornalismo entrou no meu radar como algo que, sem dúvidas, me realizaria enquanto pessoa e profissional. Afinal, "trabalhe com o que você ama e nunca mais precisará trabalhar". E hoje eu não sei nem por onde começar a explicar o quão equivocado é esse pensamento. Agora, aos 25, ainda amo escrever, mas o Jornalismo virou apenas um diploma guardado que eu olho de vez em quando. Foi aqui que aprendi a recalcular rotas, mesmo a contragosto.

Dez anos atrás, o tempo tinha um ritmo completamente diferente para aquela Juliana. Meus pais pareciam imortais, meus 18 anos pareciam distantes, e a vida como um todo parecia incrivelmente infinita. Eu não tinha pressa alguma. Hoje, os dias se arrastam, em sua maioria, numa rotina quase sem graça. O simples ato de lavar as louças parece me roubar todo um século de vida, enquanto uma viagem ou outro momento de lazer evaporam em questão de segundos. É, os ponteiros do relógio definitivamente não são justos. Mas, no fim, são os pequenos momentos felizes que realmente importam.

Mas também não quero ser melancólica. Revisitar esses antigos pedacinhos de mim que deixei aqui no blog me faz perceber como me tornei uma mulher que a Juliana de antes admiraria, mesmo que esse processo tenha acontecido de formas diferentes das que ela tinha planejado. E que bom. 

Penso também na Juliana dos próximos dez anos. 

Espero que ela volte aqui e também se sinta feliz em olhar pra trás.

3 Comentários

  1. Que bonito esse texto, gosto muito dessas reflexões do antes e do agora. E que legal que está feliz e mais madura com as coisas que aconteceram.
    Sem dúvidas a Juliana do passado está orgulhosa da Juliana do presente! :)

    https://www.heyimwiththeband.com.br/

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  2. Eu sempre me pego tendo essas reflexões, atualmente estou com 22 e é estranho ver o quanto as coisas mudaram, mesmo tendo detalhes que permaneceram. Acho que viver é um eterno descobrimento. Eu sinto muito que você conheceu o luto, fico feliz por entender o amor e compartilho do mesmo pensamento em relação ao lado profissional. Também penso na Maya dos próximos anos, espero que tudo ocorra bem...

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    1. É isso: seguimos vivendo e descobrindo. E que tenhamos sorte nessa jornada! :)

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