Entretanto | por Juliana Teixeira

Um blog à moda antiga

Conto - Uma segunda chance

Olá, pessoal! Cá estou eu novamente! Para o mês de janeiro, eu trouxe um pequeno conto escrito por mim... O conto tem como assunto praia, porque janeiro me lembra férias e, consequentemente, mar!


- Sam, acorda...
Era minha mãe. Abri meus olhos lentamente, me acostumando com a luz. Minhas costas doíam. Isso é o que acontece quando você resolve dormir no banco de trás do carro enquanto seu pai dirige em direção à praia.
- Já chegamos?
- Sim, filha! Olha o mar logo ali! Estou louco para pegar uma onda!
Meu pai cresceu nesta cidade. Ilhéus, Bahia. Vivia na praia surfando, quando moleque. Entretanto, aos 17 anos, seus pais se mudaram para Goiânia Goiás, por causa do trabalho do meu avô, que era sargento do quartel e foi transferido para a unidade de lá. Alguns anos depois, ainda morando em Goiânia, meu pai conheceu minha mãe, se apaixonaram, casaram e tiveram uma linda filha (eu!). O sonho do meu pai, quando jovem, era voltar a sua terra natal, porém, acabou se rendendo ao charme de Goiânia, arrumou um emprego por lá mesmo e lá vivemos.
Visitamos a praia quase todo ano. Quer dizer, eles visitam. A última vez que estive aqui e a única lembrança que tenho da praia ocorreu quando eu tinha 6 anos de idade, há 4 anos atrás. Eu estava no mar, bem onde as ondas eram rasas. Mas acontece que o mar é imprevisível. Veio uma onda um pouco mais forte e me derrubou. Com ela, uma água viva média, que queimou meu joelho direito. Desde então, todo ano, em janeiro, quando meus pais viajam para cá, dou um jeito de ficar em Goiânia. Passo alguns dias na casa dos meus avôs, alguns dias na casa da minha tia, das minhas amigas... E por aí vai.
Meus pais sabem que passei a não gostar de praia desde aquela vez. Mas, meu pai, sendo o total apaixonado por ondas que é, resolveu me obrigar a acompanhá-los este ano. “Você precisa dar uma segunda chance ao mar, filha!”, ele disse. Mas como? O simples fato de estar no mar já nos expõe a graves riscos! E não, eu não sei nadar. Posso me afogar. Não quero isso.
- Vamos para casa que alugamos agora? – Perguntei.
- Não, Sam. Já estacionamos o carro, vamos para praia agora mesmo! – Meu pai respondeu, todo animado.
Mamãe riu.
- Ele reage assim todo ano.
- É mesmo? – Perguntei, desanimada.
- Filha, eu sei que você não queria estar aqui, mas pode ser divertido. É como seu pai disse, as águas vivas não vão te matar.
- Ai que mania de vocês dois, acharem que eu não gosto do mar por medo! É só que não vejo a menor graça. Prefiro uma boa piscina ou cachoeira.
O que é verdade. Minhas memórias da praia não são nada emocionantes.
Pegamos nosso guarda-sol e cadeiras de praia. Meu pai pegou sua prancha e foi direto para o mar. Mamãe foi molhar os pés na água e voltou para sentar-se comigo. Eu estava lendo embaixo do guarda sol. Eu trouxe três livros e decidi que passaria as nossas próximas duas semanas de férias lendo. Infelizmente, quando eu estava em uma parte super legal da história, do nada, meu pai surgiu e arrancou o livro de mim, entregando-o para minha mãe.
- Mocinha, você só terá o livro de volta quando der uma segunda chance ao mar.
Eu até protestei, mas não teve jeito. Meus pais não foram nada flexíveis. Cinco minutos depois, lá estava eu, ao lado do meu pai, a um passo do mar.
Meu pai me deu a mão, olhou-me de um jeito encorajador e, juntos, entramos na parte rasa da água. Para minha surpresa, a sensação da água nos tornozelos era agradável (!). Caminhamos um pouco mais, a água batendo na minha cintura. Avistei uma onda chegando. “Fica de costas”, meu pai disse, e eu o fiz. Firmei meus pés na areia e a onda veio, batendo em minhas costas. Eu me senti tão viva. Acho que deixei meu trauma alterar as boas lembranças que eu tinha da praia, porque, sim, eu estou adorando. Lá pelas tantas, meu pai disse “viu só? Não vale a pena deixar de aproveitar o mar por conta do medo das águas vivas”, e ele estava certo. Uma água viva pode aparecer a qualquer momento. Mas a dor vem e depois passa. Da próxima vez que uma água viva me queimar, farei questão de lembrar da parte boa da praia, porque, no fim das contas, é só o lado bom que importa.


Espero que tenham gostado, e aproveitem o mar sempre!
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18 Comentários

  1. Olá!
    Que delícia de contooo <3 E essas imagens? Sensacionais! Parabéns.

    Beijão
    Leitora Cretina

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    1. Oi!
      Muito obrigada, fico feliz que tenha gostado! ^^
      Beijão ♥

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  2. Que lindeza, Taís! O que seria da vida sem as segundas chances? ♡

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    1. Obrigada, Clarice! ^^ Segundas chances são mais do que necessárias, é verdade!

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  3. Que lindooo!! ♥ Super amei.
    Que imagens lindas
    www.gothicmermaiid.blogspot.com.br/

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  4. Lindo texto! Eu até entro no mar quando vou á praia, mas não sou muito fissurada não kk Prefiro os de água doce. No domingo fui na praia do Cassino(RS), que é de água salgada e fiquei meio traumatizada kk Tinha muito lama no mar, mal dava pra andar sem ficar com os pés prendendo na lama, e uma água viva me picou a perna :/ Mas já passou, foi de leve o machucado. Adorei o post, ficou ótimo.
    www.espacegirl.com

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    1. Obrigada! ^^ Pra ser sincera, eu também prefiro água doce sempre, hehe! Mas amo o mar também <3 Credo! Que trauma, ein!Todas as vezes que fui a praia dei sorte (exceto a primeira vez, em que uma água viva queimou meu joelho), a água sempre estava limpinha.
      Novamente, obrigada! ♥

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  5. Encantador, Taís. Só pude comentar agora, adorei!

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  6. Que fofura, adorei. Mensagem linda!
    Para de ter medo das águas vivas e aprender a dar segundas chances.

    Beijos.
    Ny
    Blog Não Vivo Sem Livros

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  7. Que lindo *.* Gostei imenso do conto, voçe escreve muito bem!!!! Parabéns!!

    Adorei o seu blog e já estou a seguir :)

    beijos,
    Daniela RC
    Blogue: Doce Sonhadora

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  8. Olá Tais,
    Parabéns pelo conto e pela lição de que sempre devemos tentar olhar o lado bom das coisas.
    Bjs
    http://diarioelivros.blogspot.com.br/

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  9. Você escreve super bem, eu adorei!! Ficou super lindo, parabéns moça!
    http://o-bserva-dora.blogspot.com.br/

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