Resenha - Tudo e todas as coisas

 

Madeline Whittier é uma jovem de 18 anos que possui uma doença rara, uma certa alergia ao mundo. Vivendo todos estes anos apenas na companhia de sua mãe, Pauline e da amiga e enfermeira, Carla. Desiludida com seu futuro, Maddy conformou-se cedo em ter o quarto de paredes brancas como seu pequeno mundo. Tudo que existe no "Lá Fora" pode ser um risco, o começo de seu fim.

O vento que balança a folhas das árvores pode dar a ela um último e sofrido suspiro. O toque dos pés na grama pode ser sua última ação. Tudo e todas as coisas, tudo e qualquer coisa, o perigo é desconhecido, mas temido. O mundo não pode tocá-la e ela não pode tocá-lo, como se um não pudesse ocupar o mesmo espaço que o outro. Para seu próprio bem, para honrar os sacrifícios de sua mãe, tão machucada pelas perdas familiares.

"Quanto mais eu tento deixar o mundo do lado de fora, ele parece cada vez mais determinado a entrar."

Mas o mundo pequeno e esterilizado criado pela super protetora Pauline pode e vai virar de cabeça para baixo quando uma nova e conturbada família muda-se para a casa ao lado. Olly, em especial, rapidamente atrai olhares tímidos da jovem Madeline, escondida por trás das cortinas brancas. 

Maddy logo percebe no rapaz toda a vida e liberdade que nunca estiveram ao seu alcance. Desde a ousadia das roupas pretas que ele sempre veste aos saltos de parkour que executa com leveza. E é inevitável o surgimento de uma amizade que logo vira paixão, sentimentos tão improváveis quanto o mundo parar de girar, peixe viver fora d'água ou Maddy respirar o ar "de fora".

"Tudo é um risco. Não fazer nada é um risco. A decisão é sua."

Sem dúvidas, os sentimentos que Olly desperta em Maddy fazem com que ela queira mais do que paredes brancas, livros esterilizados e a super proteção materna podem lhe oferecer. O mundinho em que sempre esteve não lhe basta mais, sobreviver não é mais sinônimo de viver, se é que, segundo sua nova visão, algum dia realmente viveu. Há tanto em jogo, tantos riscos... Mas são eles que levaram a jovem de longos cabelos cacheados a questionar, desvendar um passado confuso, viver o presente e ansiar o futuro. 

"Você não está viva se não tiver arrependimentos."

Estou simplesmente apaixonada por essa história. Nicola Yoon tem uma escrita tão fluida e certeira, poética e instigante. Ela nos apresenta a vontade de viver por meio dos pensamentos de Maddy e juventude, medos e incertezas a cada decisão por ela tomada. A leitura é extremamente viciante e apaixonante, o que nos leva à tristeza de devorar o livro de uma só vez e logo ficarmos órfãos dessa história tão encantadora.

Todos os personagens foram cuidadosamente construídos e a realidade que eles nos passam amedronta e encanta ao mesmo tempo. Todos carregam, inevitavelmente um lado bom que constantemente choca-se com o lado ruim, mesquinho e até mesmo egoísta.

"Às vezes você faz as coisas pelos motivos certos e outras pelos errados. Há ainda aquelas vezes em que é impossível saber a diferença."

A edição da Novo Conceito está maravilhosa, uma das mais lindas que já vi. O livro é repleto de pequenos detalhes que fazem toda a diferença. Um deles são as ilustrações minimalistas que estão sempre presente na história. Definitivamente mostra que as editoras brasileiras têm sim capacidade de nos fornecer produtos de ótima qualidade, se forem dedicadas. É pra aplaudir de pé.

Enfim, você precisa ler este livro. Não questione, apenas leia e deixe-se apaixonar perdidamente, intensamente. Deixe o mundo tocar você e toque-o de volta.

"Estou inteira. Estou em pedaços."

Livro: Tudo e Todas as Coisas

Autora: Nicola Yoon

Editora: Novo Conceito

Nº de páginas: 304 

Avaliação: